segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A donzela e o libertino


Tão feliz miúda
Tão faceira pequena
Um mimo meigo de menina
Sorriso de brilho tão radiante
Bonequinha tão bonita que até mesmo eu tenho tanto terror
Se minha quase fantasia se realizasse
(Aquela que se insinua incompleta na parte de trás do devasso coração)
Certamente te quebraria.
E você choraria tão sincero e sentido
Que teu pai diria:
"O que fizeram com minha pobre filhinha?!?"

Mas seus seios são de mulher!
Ora essa!
Sua cintura bem definida!
Você tem minha idade!
Ora essa!
Adulta formada e desenvolvida!

E tento esforçado criar imaginando
Outra atmosfera, outro humor, outra disposição
Transformar-te em outra boneca.
Essa, refletindo-me,
Também pervertida.

Mas

Você é a garota (nós dois com sete anos) que brinca comigo perto do escorregador
E, espremendo os olhinhos, ri seu sorriso delicado
E, apontando um passarinho, sorri sua risada afável

E é tão boa
Tão linda
Tão iluminada
Tão amiga

Que esse velho safado de hoje e de realidade
Não ousa, sequer em sonhos,
Brincar contigo.