I
Eu, polvo-manto era feito só de mãos e
boca, você só de ondas.
II
Nossas línguas adultamente brincavam, a
minha de invadir e explorar, a tua de prender e sugar.
III
Suavemente brutal segurava apertado tua
cintura e minhas mãos levianamente pesadas percorriam teu corpo trêmulo e
ofegante.
IV
A cada momento uma descoberta encoberta,
um brincar de esconder e achar de novo. No lusco-fusco de tuas roupas, me
surpreendia com tudo aquilo que já me era bem conhecido, com o que já previa.
V
Nossos corpos se tocavam não se tocando.
O tecido, maleável parede, separava os ardentes calores.
VI
Masoquistamente adiávamos a queda desse
muro, o prazer de esperar mais um pouco, mais um pouco, um pouco mais.
VII
E nossas bocas a todo o tempo ativamente
assistindo, assistindo.
VIII
Agora, livres de tudo, eusóeu e
vocêsóvocê brincávamos de não nos encontrar, somente mãos e lábios coordenados.
IX
E novamente prolongávamos,
prolongávamos. Lábios, unhas, dedos, seios, pernas e nossa expectativa-suspense
aumentava, aumentava. Tortura doce de resistir como um cristão só para obter o
prazer de quem cai como um pecador.
X
E um novo jogo começava, um outro nível.
Agora nos esforçávamos para não nos esquecermos do restante, para ainda lembrar
que tínhamos bocas, línguas, dedos, palmas, cabelos, corpos.
XI
No meio de todo esse emaranhado de prazer eu via teus olhos enquanto você olhava os meus, e por um instante só eles existiam, na paz de comunicar-se mergulhando.
XII
E dançávamos uma dança única e múltipla,
uniformidade variável de ritmos.
XIII
Até que em meus braços beneficamente bárbaros e brutos você morria docemente tua morte pequenina como uma mártir francesa enquanto eu despejava toda minha vitalidade para também morrer. O último suspiro.
XIV
No meu peitotravesseiro você se aconchegava, eu envolventemente te abraçava criança-mulher e acordados olhando para o teto e para o nada dormíamos juntos um confortável sono de passarinho em seu ninho seco em dia de chuva.
Eu, polvo-manto era feito só de mãos e
boca, você só de ondas. Nossas línguas adultamente brincavam, a minha de
invadir e explorar, a tua de prender e sugar. Suavemente brutal segurava
apertado tua cintura e minhas mãos levianamente pesadas percorriam teu corpo
trêmulo e ofegante. A cada momento uma descoberta encoberta, um brincar de
esconder e achar de novo. No lusco-fusco de tuas roupas, me surpreendia com tudo
aquilo que já me era bem conhecido, com o que já previa. Nossos corpos se tocavam
não se tocando. O tecido, maleável parede, separava os ardentes calores.
Masoquistamente adiávamos a queda desse muro, o prazer de esperar mais um
pouco, mais um pouco, um pouco mais. E nossas bocas a todo o tempo ativamente
assistindo, agindo.
Agora, livres de tudo, eusóeu e
vocêsóvocê brincávamos de não nos encontrar, somente mãos e lábios coordenados.
E novamente prolongávamos, prolongávamos. Lábios, unhas, dedos, seios, pernas e
nossa expectativa-suspense aumentava, aumentava. Tortura doce de resistir como
um cristão só para obter o prazer de quem cai como um
pecador.
E um novo jogo começava, um outro nível.
Eusóvocê e vocêsóeu agora nos esforçávamos para não nos esquecermos do
restante, para ainda lembrar que tínhamos bocas, línguas, dedos, palmas,
cabelos, corpos.
No meio de todo esse emaranhado de prazer eu via teus olhos enquanto você olhava os meus, e por um instante só eles existiam, na paz de comunicar-se mergulhando.
E dançávamos uma dança única e múltipla, uniformidade
variável de ritmos. Até que em meus braços beneficamente bárbaros e brutos você
morria docemente tua morte pequenina como uma mártir francesa enquanto eu despejava toda minha
vitalidade para também morrer.
O último suspiro.
No meu peitotravesseiro você se
aconchegava, eu envolventemente te abraçava criança-mulher e acordados olhando para o teto e para o nada dormíamos juntos um confortável sono de passarinho em seu ninho seco em dia de
chuva.